… ou um encontro após o outro.
“O primeiro ensaio é sempre, em certa medida, como a ação de um cego guiando o outro (…) Num grupo que se reúne para um primeiro ensaio, seja um elenco improvisado ou uma companhia permanente, um número infinito de questões e preocupações pessoais pairam silenciosamente no ar (…) O objetivo do que quer que se faça no primeiro dia de ensaio é o de chegar ao segundo” (Peter Brook, O Teatro e seu Espaço).
Concordo plenamente com Brook, o primeiro dia de encontro tem como objetivo chegar ao segundo. Apesar da minha primeira aula ter sido bem elaborada, minhas previsões foram totalmente furadas e a aula foi um caos: pra mim e para os alunos-atores.
Eu me senti como um diretor-coronel (conforme Grotowski cita) alguém que manda e quer ser obedecido. E isso estraga o ator para a sua própria arte e criação. Não posso ser um coronel em sala-de-aula: como libertar aos alunos para a criatividade???
Assim, veio a segunda aula para que eu me corrigisse e corrigisse meu percurso metodológico, já que “quaisquer que sejam as idéias que traz no primeiro dia, estas precisam evoluir continuamente” (Brook).
Planejei a segunda aula de forma a melhorar no que eu creio que é necessário (do que percebi na primeira aula) para que os alunos consigam desenvolver o básico de um ator-criador (ou do que eu pense que isso seja). Isso depende de cada caso (cada escola, cada estabelecimento de ensino teatral), já que no curso que ministro, sou eu que elaboro os objetivos e metodologia da prática.
Assim, na segunda aula, além de reforçar toda a teoria que apresentei no primeiro dia (do treinamento-ensaio-apresentação) também reforcei a idéia que Eugenio Barba cita na introdução de seu livro – a qual existem duas técnicas de comportamento do homem: a) a técnica cotidiana, que segue o princípio do menor esforço (menor energia) para o máximo de resultado; e b) a técnica extracotidiana, que se baseia no máximo de emprego de energia para um resultado mínimo. (maiores informações: aqui e aqui)
“O primeiro passo para descobrir quais princípios que governam um bios cênico, ou vida, do ator, deve se compreender que as técnicas corporais devem ser substituídas por técnicas extracotidianas, isto é, técnicas que não respeitam os condicionamentos habituais do corpo. Os atores usam essas técnicas extracotidianas” (Eugenio Barba, A arte secreta do Ator, dicionário de antropologia teatral). (livros do Eugenio Barba, aqui).
Com este conceito praticavel, passei a segunda aula também a investir no treinamento em busca de movimentos extracotidianos, e em busca da consciência corporal, concentração e improvisação sobre movimentos extracotidianos.
E dessa vez, a aula foi interessante. Foi simples, fácil e criativa.
Obrigado
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