Esta postagem é uma continuação da série sobre a Máscara Neutra. Se não leram a primeira e a segunda postagem, leiam que são introdutórias.
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(...)Depois de ter em mãos a máscara neutra para o treinamento, o que fazer??? Pô-la no rosto e sair fazendo macaquices? NUNCA!!!!
A máscara neutra traz a sensação de estar portando um “algo mágico”, pois traz consigo a idéia do personagem, o personagem que é a máscara do ator. Contudo, por ser uma máscara genérica, na qual todas outras poderiam surgir desta, ela traduz uma neutralidade na interpretação, uma essencialização nela mesma.
Para a aplicação da máscara neutra no meu treinamento sozinho, eu tive que buscar a formação sobre a máscara (feita no primeiro post desta série) e então busquei, segundamente, algumas dicas de temas de exercícios dentro de cada literatura que fiz pesquisa (porque não achei em nenhum lugar sequer, exemplos descritos de exercícios prontos para o treinamento com a máscara. Então, com a minha liberdade de estudante-praticante que não tem ninguém observando se faço certo ou errado, fiz a minha série de estímulos para exercícios de máscara neutra – porém baseado em que já ouvi e li a respeito).
Assim, fiz uma cata de menções de “temas” de exercícios dos dois pesquisadores-teatrólogos para fundamentar meu treino e aqui repasso o que escrevi a mim mesmo:
a) Menções provindas das pesquisas de COPEAU (mencionada por DECROUX, às vezes transcrita por quem escreveu o TCC [minha amiga] ou a TESE [Luiz Louis] [estão misturado as fontes de quem peguei estas citações]:
- Nessas aulas [de máscaras], os alunos improvisavam, quase nus, temas como o nascimento da primavera, o crescimento das plantas, o vento nas arvores, as seqüências de movimentos feitos por uma maquina ou, simplesmente, Copeau dava uma palavra, Paris, para que desenvolvessem ações.
- Nós reproduzíamos sons da cidade, das casas, da natureza, dos choros dos animais. Tudo com a boca, as mãos e os pés. (Decroux, sobre representação com máscara)
- [Com a máscara] Um corpo não precisaria ser, necessariamente, um corpo cotidiano, mas poderia corporificar uma sensação, uma idéia ou até mesmo representar um objeto (...) Em muitas improvisações realizadas com a máscara, o corpo dilata-se e gera um novo significado, podendo representar o venta, a paixão, um vegetal, etc. Ele [Copeau] propunha que nos aproximássemos da essência humana mais pela imaginação do que pela razão.
- Nunca tinha visto imobilidades prolongadas ou explosivos movimentos seguidos de petrificações repentinas (Decroux, sobre representação com máscaras).
- Improvisavam sobre temas do nascimento, das emoções, da descoberta de si no ambiente, comportamento animal, características humanas nos animais e vice-versa;
- Esses treinamentos [com a máscara neutra] baseavam-se em improvisações silenciosas, que tinham como principais temas os quatro elementos da natureza, a dinâmica dos animais e situações que envolviam ações humanas. Eram realizados individualmente e em grupo com temas como: “o ser que vai comer geléias no armário”, “o roubo”, “o ser que se sentou num formigueiro”, “um ser que saiu à noite no vento e na chuva”, “dor de barriga”, “batalhas”, entre outros.
- Mimávamos ações modestas: um homem importunando uma mosca, quer ver-se livre dela; decepcionada com a cartomante, uma mulher a estrangula; um oficio, um encadeamento de movimentos de máquina (Decroux).
- Reproduziam-se a vida da cidade, do campo, dos animais, faziam-se ruídos com todas as partes do corpo, sendo que, nesse jogo compunham o roteiro de ações que executavam.
- Copeau resgatou os jogos de infância e o faz-de-conta para dentro do treinamento.
- Sobre o Nascimento da máscara. – A máscara toma consciência da sua existência. Jogo dos músculos do pescoço. Levantar a cabeça. Olhar. À direita. À esquerda. Olhar suas mãos. Seus pés. Se levantar. Andar.
- O tema da infância sempre esteve presente em suas propostas [de Copeau]. O objetivo desta abordagem é fazer com que o aluno volte a lidar com o mundo com o frescor da primeira vez, a ver e tocar os objetos como se não os conhecesse.
- Outra situação motriz da improvisação é a espera.
b) Menções provindas das pesquisas de LECOQ: (mencionada em seu livro, e às vezes transcrita por quem escreveu o TCC [minha amiga] ou a TESE [Luiz Louis] [estão misturado as fontes de quem peguei estas citações]:
- Lecoq trabalhou ainda sobre os elementos da natureza, as matérias, os objetos, os animais, as pinturas, ou seja, tudo o que está diretamente relacionado com o homem e aquilo que o cerca.
- Os temas trabalhados com a máscara são simples em seu enunciado, mas difíceis em sua profundidade. Como por exemplo, despertar pela primeira vez; descobrir a natureza; o adeus; o lançar a pedra. A improvisação permite ao ator tornar-se aquilo que ele vê, reconhecendo seus ritmos.
- O trabalho com os elementos da natureza constitui um dos temas centrais da máscara neutra. A natureza referente a este tipo de jogo se coloca inicialmente de maneira calma, em equilíbrio, fala diretamente com o neutro. Trata-se de uma viagem simbólica que vai do primeiro estado de calma ao estado extremo de revolução.
Diante destes estímulos, baseei meu treinamento com a máscara neutra. Faço bastante o trabalho com a qualidade de energia provinda dos elementos da natureza: terra, água, ar e fogo – elas, aliás, já me deram uma base na minha cena, por assim dizer.
Contudo, o restante do treino é com quem o pratica. Então se vocês estão fazendo um treinamento solo (ou não), não tenham medo de tentar fazer. O máximo que pode acontecer é não dar certo – mas pelo menos você tentou.
E Boa Sorte!
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